História da ECOECO

A Sociedade Brasileira de Economia Ecológica – ECOECO – foi criada como resultado de discussões no bojo da Rio-92, quando economistas, ecologistas e estudiosos do Brasil se juntaram em uma série de encontros, descobrindo que pouco se sabia sobre a Economia do Meio Ambiente e, certamente, sobre os distintos conceitos que levaram à formação da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE) em 1988. Esta última entidade foi criada juntando-se forças de pesquisadores transdisciplinares “heréticos” tais como Herman Daly, Robert Costanza, Joan Martinez-Alier, Paul Ehrlich, Kenneth Boulding, Richard Norgaard, entre outros. Surgindo de um seminário em Barcelona em 1987, questionaram-se as bases fundamentais da Economia Neoclássica em fornecer respostas aos desafios de uma Economia Globalizada, cada vez mais excludente, e seus reflexos sobre o meio natural.

Alguns dos associados brasileiros da ISEE (Peter May, Ronaldo Serôa da Motta e Clóvis Cavalcanti) perceberam a importância, primeiro, de colaborar com o movimento internacional com uma contribuição nacional e, segundo, reforçar e ampliar o leque de indivíduos e instituições no Brasil que debatem e atuam sobre os assuntos discutidos nesta Sociedade. Com este intuito, criou-se inicialmente uma Associação de Economia Ecológica – ECOECO -, aproveitando a disposição da Fundação Rockfeller em financiar uma proposta nacional neste sentido – “Projeto ECOECO”. A Associação foi criada após um seminário internacional e workshop em 1993 em São Paulo, com apoio e participação do Deputado Fábio Feldmann, assim como do então Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Édis Milaré.

O comparecimento de mais de 300 pessoas no seminário, apesar da parca publicidade, sinalizou que o momento da ECOECO tinha chegado para valer. A Associação assim criada atuava, inicialmente, de forma independente da ISEE, não tendo no seu Estatuto um vínculo específico a esta organização. No entanto, com o crescimento do movimento internacional, sentiu-se a importância de um vínculo desta natureza. Os fundadores da ECOECO então se reuniram na FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) para criar a atual Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, ONG (Organização Não-governamental) sem fins lucrativos, interdisciplinar, com objetivos educativos e científicos, para divulgar conceitos de Economia Ecológica e fortalecer laços de cooperação e parceria com entidades afins no país e no exterior. Nesta nova formulação, o Estatuto estabeleceu a ECOECO como “Regional Chapter” – Filial Regional – da ISEE para o Brasil, criando um vínculo formal com esta última, pelo qual os associados da ECOECO passaram a ser considerados automaticamente associados da ISEE. Em virtude desse vínculo, tem-se observado uma crescente e expressiva participação de associados da ECOECO nos encontros bienais da ISEE, realizados em anos pares.

Em setembro de 1994, organizado por Clóvis Cavalcanti, foi realizado um workshop no Engenho Massangana, na Região Metropolitana do Recife, pertencente à Fundação Joaquim Nabuco, em torno do tema da economia da sustentabilidade. Dele participaram Peter May e Ronaldo Serôa da Motta, o americano Steve Viederman, da ISEE, o etnocientista Darrell Posey, de Oxford, o alemão Frank Jöst, da Universidade de Heidelberg, integrante da equipe de Malte Faber, membro ilustre da ISEE, John Proops, que foi depois presidente da ISEE, integrava o grupo de Faber e Jöst. Talvez, esse tenha sido o primeiro evento concebido no marco da EcoEco. Dele resultou o livro: Clóvis Cavalcanti (Org.). Desenvolvimento e Natureza: Estudos para uma Sociedade Sustentável. 3a edição, São Paulo: Cortez Editora; Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2001.

Considerando o amadurecimento do movimento internacional da Economia Ecológica e da nossa própria Sociedade, consideramos que estamos no caminho para consolidar uma organização plural, voltada para a discussão acadêmica e científica com vistas à apresentação de proposta práticas para um Brasil sustentável.

Por fim, a ECOECO é associada à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC), com participação em suas reuniões anuais.

Peter May, ex-presidente e fundador da ECOECO.

Clóvis Cavalcanti, presidente de honra e fundador da ECOECO.