Prezados (as) associados (as) e comunidade científica brasileira,
Foi com satisfação e honra que presidi a comissão de organização do XII Encontro Nacional de Economia Ecológica, abrigado pelo Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia em 2017. O evento foi um sucesso, tanto em relação ao público quanto à qualidade dos trabalhos e debates realizados. Na ocasião, expressamos nossa intensa preocupação com a fragilização excessiva da institucionalidade ambiental no Brasil, intensificada com o triste episódio de Mariana-MG, ocorrido em novembro de 2015. Diante da tragédia recente de Brumadinho, também em Minas Gerais, tenho agora a convicção de que é preciso um debate profundo sobre a maneira que as regulações ambientais vem sendo realizadas no Brasil.
Foi também durante o encontro em Uberlândia-MG que me candidatei ao cargo de Presidente da ECOECO. Com o apoio de colegas já experientes e outro mais jovens, fui indicado a este cargo que assumi em janeiro de 2018. Trata-se de um desafio importante em minha carreira, dada a responsabilidade de representar uma sociedade científica como a ECOECO e a tarefa de continuar o trabalho realizado por pesquisadores já consolidados, como Peter May, Ademar Romeiro e tantos outros. Sinto-me ao mesmo tempo lisonjeado por dividir a presidência da ECOECO com Clóvis Cavalcanti, o presidente de honra da ECOECO e atual Presidente da International Society for Ecological Economics.
Além da responsabilidade própria que é representar a ECOECO, minha atuação como presidente coincide com um dos momentos mais difíceis da história brasileira. A confluência de crises econômica e política nos últimos anos certamente tem papel central para explicar o prolongamento de nossa conjuntura negativa, que redunda no aumento do pessimismo e na descrença (talvez desprezo) pelo debate amplo, plural e democrático. Todavia, creio que este pessimismo generalizado que muitas vezes se manifesta em ameaças de retrocessos civilizatórios não pode nos contagiar. Este é o espírito desta nossa gestão. Devemos nos manifestar e resistir a qualquer ameaça ao sistema democrático e aos mais fragilizados, incluindo aí o meio ambiente.
Além do meu respeito e admiração pelos colegas que me antecederam, gostaria de enviar uma mensagem especial aos jovens brasileiros, sejam aqueles que ainda não frequentam o ensino superior, os estudantes de graduação, iniciantes científicos, mestrandos e doutorandos. Como docente e pesquisador da UFU, não há nada mais gratificante do que acompanhar a trajetória de nossos estudantes e perceber o seu amadurecimento e engajamento com as causas sociais e ambientais. Refiro-me a este público em particular porque não tenho dúvida de que o futuro do nosso país depende dos nossos jovens. E peço a vocês: não desanimem, por mais nebulosas que sejam nossas perspectivas!
Por fim, não poderia deixar de mencionar o fato de que em 2019 a ECOECO completa seus 25 anos de existência. Temos muito o que comemorar, mas ainda muitos desafios pela frente. Um deles certamente é adensar a participação da ECOECO nos debates nacionais, ampliando nosso protagonismo junto à sociedade civil organizada. Além disso, a transformação de nosso Boletim, cujo conteúdo vem cada mais se aprimorando graças à contribuição de inúmeros pesquisadores nacionais e internacionais, em uma revista científica é uma realização importante que a ECOECO pode e deve operacionalizar o mais breve possível.
Em setembro de 2019 realizaremos nosso XIII Encontro Nacional em Campinas, local do nosso primeiro encontro. Além das bodas de prata da ECOECO, celebraremos também o 25º aniversário de morte do matemático e economista romeno Nicholas Georgescu-Roegen, considerado umas das principais influências teóricas da moderna economia ecológica. Convidamos a todos e todas para se juntarem à ECOECO nesta ocasião especial. Desejo, ainda, um ano de 2019 produtivo e com muitas realizações pessoais e profissionais. Coloco-me à disposição de nossos (as) associados (as) e de todos e todas que quiserem conhecer de perto a ECOECO e nosso trabalho.
Saudações,
Daniel Caixeta Andrade
Professor IERI-UFU
Presidente da ECOECO (2018-2019)